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sábado, 9 de outubro de 2010

A neuroeducação e a Aprendizagem do Viver

Cândida Maria Soares

Muito tem se falado em neurociências ultimamente. Entre tantas pesquisas, estudos, polêmicas e dúvidas surge uma questão que fica bem nítida: nunca foi tão urgente à classe médica procurar entender a aprendizagem e o processo da educação, junto ao profissionais dessa área específica: professores, pedagogos, orientadores educacionais, psicopedagogos, neuropsicólogos, psicólogos etc. E por outro lado, nunca foi tão premente a esses últimos a aproximação com os neurologistas, psiquiatras, psicomotricistas, fonoaudiólogos, etc. É como se essas áreas multidisciplinares tivessem que, finalmente, se aliar para juntas darem conta do que é a nossa complexa aprendizagem do viver.

Nunca foi tão necessário definir o termo aprendizagem, mas dessa vez procurando situá-lo do ponto de vista das neurociências. Sabemos que a aprendizagem antes de tudo é mudança de comportamento e, vista com uma “lente de aumento” do neurocientista, é o movimento de neurônios que se interligam, criando ligações (sinapses), trajetórias e redes de circuitos, que se reforçam e se sustentam pela repetição e pela necessidade do “uso” e, sobretudo, da busca incessante pela exploração de si mesmo, do meio ambiente e do outro.

Falar em aprendizagem, portanto, não é só falar em infância e adolescência e no que acontece entre as paredes da sala de aula e no que conhecemos como educação formal. É, muito antes disso, falar de “movimento” de um ser que, a partir da saída do ventre da mãe, já tece os futuros caminhos por onde se processará a maturação e o desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso, trazendo, portanto, o afloramento da vivência humana em cada nova experiência desfrutada , cada nova descoberta que o coloca frente aos desafios da interação com o meio e que estimulam o “aprender”. Então colocamos aqui o aprender praticamente como um sinônimo de viver a vida.

O mais intrigante sobre a jornada desse ser que aprende o viver do dia a dia é que, para a perplexidade dos estudiosos dessa vasta área de conhecimento, há coisas que não “dão certo”, posto que cada ser humano é único. Longe da previsibilidade mecânica que um futuro sofisticado robô-humano de última geração poderia um dia executar, cada um de nós é único em seu conjunto de idiossincrasias e ao mesmo tempo peculiar no quadro de suas capacidades e de atributos que suas múltiplas inteligências podem lhes trazer.

O que dizer, então, desse indivíduo que tinha tudo para dar certo? Gestação normal, parto bem sucedido, família harmoniosa e estruturada, alimentação adequada, meio ambiente propício e pleno de estímulos, inteligência normal, não comprometimento na área sensitiva ou motora, sem lesões ou enfermidades no cérebro, método educacional apropriado, relação professor/aluno, aluno/colegas, aluno/escola mais do que satisfatórias, sem “problemas”.

Mesmo com tudo a seu favor, a aprendizagem pode não acontecer e encontrar obstáculos para ser processada, trazendo inúmeras dificuldades e desfuncionalidades as quais não podemos nem ao menos rotular - como muitas vezes tendemos a fazer, infelizmente! Muitas sequer têm “nome” específico e por isso não são levadas a sério e acabam sendo subestimadas e entregues nas mãos do “pobre” explicador que, ao chegar ao final do ensino fundamental, percebe não ter conseguido resolvê-las.

Esse futuro adulto cresce com uma bagagem de incapacidades, que pode levá-lo desde a exclusão do sistema escolar até a própria anulação do que seria uma vida saudável, inteligente, autônoma, bem sucedida e de múltiplas realizações.

Nem todas as dificuldades de aprendizagem estão catalogadas e descritas no DSM IV ou no CID 10, pois não são consideradas patologias como os transtornos ou distúrbios. A Neuroeducação é a luz no final do túnel para a solução dessas incapacidades e sua área de atuação no âmbito da mente faz com que os resultados sejam mais rápidos e eficazes, recuperando nos indivíduos sua inserção na sociedade como seres humanos dignos, autoconfiantes, produtivos e felizes, dando-lhes a chance de ... Viver a Vida... usufruindo de suas múltiplas capacidades e do estimulante processo do ... eterno Aprender.

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