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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010


A Relação Família/Escola

A RELAÇÃO FAMÍLIA/ESCOLA

Por Sonia das Graças Oliveira Silva

Hoje em dia há a necessidade de a escola estar em perfeita sintonia com a família. A escola é uma instituição que complementa a família e juntas tornam-se lugares agradáveis para a convivência de nossos filhos e alunos. A escola não deveria viver sem a família e nem a família deveria viver sem a escola. Uma depende da outra na tentativa de alcançar o maior objetivo, qual seja, o melhor futuro para o filho e educando e, automaticamente, para toda a sociedade.

Um ponto que faz a maior diferença nos resultados da educação nas escolas é a proximidade dos pais no esforço diário dos professores. Infelizmente, são poucas as escolas que podem se orgulhar de ter uma aproximação maior com os pais, ou de realizarem algumas ações neste sentido. Entretanto, estas ações concretas, visando atrair os pais para a escola, podem ser uma ótima saída para formar melhor os alunos dentro dos padrões de estudos esperados e no sentido da cidadania.

Atualmente, os pais devem estar cada vez mais atentos aos filhos, ao que eles falam, o que eles fazem, as suas atitudes e comportamentos. E, apesar de ser difícil, a escola também precisa estar atenta. Eles se comunicam conosco de várias formas: através de sua ausência, de sua rebeldia, seu afastamento, recolhimento, choro, silêncio. Outras vezes, grito, zanga por pouca coisa, fugas, notas baixas na escola, mudanças na maneira de se vestir, nos gestos e atitudes. Os pais devem perceber os filhos. Muitas vezes, através do comportamento, estão querendo dizer alguma coisa aos pais. E estes, na correria do dia-a-dia, nem prestam atenção àqueles pequenos detalhes.

Por vezes, os jovens estão tentando pedir ajuda e, mesmo achando que o filho ultimamente está “meio estranho”, muitos pais consideram isso como normal, “coisa de adolescente”, vai passar, é só uma fase. Há que se observar estes sinais. Podem dizer muito de problemas que precisam ser solucionados, como inadequação, dificuldades nas disciplinas, com os colegas, com os professores, e outras causas.

Aí entra a parceria família/escola. Uma conversa franca dos professores com os pais, em reuniões simples, organizadas, onde é permitido aos pais falarem e opinarem sobre todos os assuntos, será de grande valia na tentativa de entender melhor os filhos/alunos. A construção desta parceria deveria partir dos professores, visando, com a proximidade dos pais na escola, que a família esteja cada vez mais preparada para ajudar seus filhos. Muitas famílias sentem-se impotentes ao receberem, em suas mãos os problemas de seus filhos que lhe são passados pelos professores, não estão prontas para isso.

É necessária uma conscientização muito grande para que todos se sintam envolvidos neste processo de constantemente educar os filhos. É a sociedade inteira a responsável pela educação destes jovens, desta nova geração.

As crianças e jovens precisam sentir que pertencem a uma família. Sabe-se que a família é a base para qualquer ser, não se refere aqui somente família de sangue, mas também famílias construídas através de laços de afeto. Família, no sentido mais amplo, é um conjunto de pessoas que se unem pelo desejo de estarem juntas, de construírem algo e de se complementarem. É através dessas relações que as pessoas podem se tornar mais humanas, aprendendo a viver o jogo da afetividade de modo mais adequado.

Percebe-se que muito tem sido transferido da família para a escola, funções que eram das famílias: educação sexual, definição política, formação religiosa, entre outros. Com isso a escola vai abandonando seu foco, e a família perde a função. Além disso, a escola não deve ser só um lugar de aprendizagem, mas também um campo de ação no qual haverá continuidade da vida afetiva. A escola que funciona como quintal da casa poderá desempenhar o papel de parceira na formação de um indivíduo inteiro e sadio. É na escola que deve se conscientizar a respeito dos problemas do planeta: destruição do meio ambiente, desvalorização de grupos menos favorecidos economicamente, etc.

Na escola deve-se falar sobre amizade, sobre a importância do grupo social, sobre questões afetivas e respeito ao próximo.

Reforço aqui a necessidade de se estudar a relação família/escola, onde o educador se esmera em considerar o educando, não perdendo de vista a globalidade da pessoa, percebendo que, o jovem, quando ingressa no sistema escolar, não deixa de ser filho, irmão, amigo, etc.
A necessidade de se construir uma relação entre escola e família, deve ser para planejar, estabelecer compromissos e acordos mínimos para que o educando/filho tenha uma educação com qualidade tanto em casa quanto na escola.

http://www.artigonal.com/ciencia-artigos/a-relacao-familiaescola-477589.html

Perfil do Autor

Empresária, Graduada em Ciências/matemática, Especialista em Educação Infantil pela FACED, Faculdade de Educação da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) e Especialista em Mídia e Deficiência, pela FACOM, Faculdade de Comunicação da UFJF.Possue várias publicações em sites e revistas.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Sua apresentação no primeiro dia de aula


As aulas estão começando e você já deve estar pensando em como se apresentar a seus alunos no primeiro dia de aula. Dizem que a primeira impressão é a que fica, eu tenho minhas dúvidas mas pelo sim, pelo não é melhor causar uma boa impressão do que ter que administrar uma antipatia gratuita e generalizada logo na primeira aula.

A aparência

Tudo bem que cada um tem seu estilo, mas professor não tem time, não tem música favorita e nem religião. Pelo menos não deve agitar suas preferências na cara dos alunos logo de cara para evitar mal-entendidos. Você tem todo o direito de torcer pelo time que quiser mas aparecer com a camiseta do Palmeiras no primeiro dia de aula pode agradar os seus alunos palmeirenses mas provocar insegurança nos alunos que torcem para outros times, por exemplo, eles poderão pensar que serão discriminados se não torcem para o mesmo time ou sentirem-se impelidos a fingir que também são palmeirenses ou que gostam de futebol. A idéia no primeiro dia é tentar unir o grupo e fazer com que se entrosem e aceitem sua autoridade com naturalidade e não gerar uma polêmica logo de cara.

As tatuagens são proibidas pela maioria dos estabelecimentos de ensino e de fato não ficaria nada bem você aparecer com uma suástica tatuada no braço, por exemplo. Ou uma mulher pelada. De qualquer forma piercings e tatoos só devem ser usados onde você possa esconder com a roupa. Ficando visíveis você corre o risco de seus alunos chegarem em casa dizendo que querem fazer uma tatuagem ‘igual à do meu professor’. Depois disso com certeza você será chamado à sala do diretor ou coordenador da escola. Não se esqueça de que o professor é um formador de opinião.

Roupas discretas, nada muito exagerado, o mais neutro possível, sem tendências para nenhum estilo em particular são o que de melhor você pode escolher. Se você faz mesmo questão de mostrar quem você é na vida pessoal isso é um problema seu, mas deixe então para fazê-lo aos poucos, para quando seus alunos já tiverem uma opinião formada a seu respeito e você já tiver conquistado a confiança deles.

Sua roupa deve ser sobretudo confortável, não se esqueça que salto agulha altíssimo vai atrapalhar sua mobilidade, e é aconselhável que você circule entre os alunos, não fique parado como uma estátua na frente da classe ou sentado de cabeça abaixada como um sultão.

Sua apresentação

Fale um pouco sobre você, a quanto tempo dá aulas da sua matéria, que classes já ensinou, que diplomas tem. Não se estenda muito mas é importante para mostrar a eles que podem confiar em você porque sabe do que está falando. No caso de ser sua primeira aula na vida não chame muito a atenção para este ponto, diga onde se diplomou e onde fez estágio.

Você pode encorajar os alunos a fazerem algumas perguntas sobre o que querem saber a seu respeito ou a falarem um pouco sobre eles também. Você também pode optar por passar um pequeno formulário para que preencham com algumas informações sobre eles ou ainda aplicar uma dinâmica.

Uma dinâmica

É interessante apresentar uma dinâmica na qual os alunos participem e se conheçam melhor. É também um bom recurso para aprender sobre seus alunos, esse conhecimento vai ajudar quando lidar com eles ou quando for preparar suas aulas.

Prepare bem sua aula

É importante preparar bem sua primeira aula, leve mapas, fotos, gravuras, não fique só no blá-blá-blá. Se eles gostarem da primeira aula vão ficar ansiosos pela próxima, mas se a acharem chata podem não prestar mais atenção e você não terá uma segunda chance para mostrar que sua aula pode ser interessante.

Estabeleça um vínculo

Tente chamar os alunos pelo nome, peça a eles que façam algumas coisas como apagar a lousa ou fechar a porta, encorage-os a fazerem perguntas quando tiverem dúvidas, pare a explicação de tempos em tempos para perguntar se tudo está entendido até ali.

Se achar conveniente passe uma folha em classe para que anotem seus dados, ou faça um formulário para que ‘entrevistem’ o aluno do lado.

Faça perguntas durante sua explicação para checar se entenderam, peça a um aluno que entendeu para explicar a outro colega. Acostume-os a participar da aula e a prestar atenção.

Corrigindo posturas erradas

Se tiver que chamar a atenção de um aluno no primeiro dia faça-o de forma branda e simpática. Se estiver conversando, pergunte com naturalidade: ‘você não entendeu?’ Não use sarcasmo, ironia, gritos ou castigos no primeiro dia. Tente levar em banho-maria até entender como são seus alunos e a melhor forma de lidar com eles.

Lição de casa

Pode ser dada uma lição de casa já no primeiro dia, mas nada muito complexo ou difícil, o melhor é alguma coisa onde tenham opções de criar e baseado em matéria que aprenderam no ano anterior. Você pode pedir a eles que sugiram sobre o que querem escrever, mas por escrito, se cada um for dizer o que quer vira bagunça.

É claro que erros acontecem, e o melhor é prevenir, mas se não for possível, paciência. Você tem ainda um ano inteiro para reverter a situação, mas o melhor é sempre começar com o pé direito.


Zailda Coirano

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Hiperatividade


O QUE É A HIPERATIVIDADE?

A hiperatividade, denominada na medicina de desordem do déficit de atenção, pode afetar crianças, adolescentes e até mesmo alguns adultos. Os sintomas variam de brandos a graves e podem incluir problemas de linguagem, memória e habilidades motoras. Embora a criança hiperativa tenha muitas vezes uma inteligência normal ou acima da média, o estado é caracterizado por problemas de aprendizado e comportamento. Os professores e pais da criança hiperativa devem saber lidar com a falta de atenção, impulsividade, instabilidade emocional e hiperativa incontrolável da criança.
O comportamento hiperativo pode estar relacionado a uma perda da visão ou audição, a um problema de comunicação, como a incapacidade de processar adequadamente os símbolos e idéias que surgem, estresse emocional, convulsões ou distúrbios do sono. Também pode estar relacionado a paralisia cerebral, intoxicação por chumbo, abuso de álcool ou drogas na gravidez, reação a certos medicamentos ou alimentos e complicações de parto, como privação de oxigênio ou traumas durante o nascimento. Esses problemas devem ser descartados como causa do comportamento antes de tratar a hiperatividade da criança.
O verdadeiro comportamento hiperativo interfere na vida familiar, escolar e social da criança. As crianças hiperativas têm dificuldade em prestar atenção e aprender. Como são incapazes de filtrar estímulos, são facilmente distraídas. Essas crianças podem falar muito, alto demais e em momentos inoportunos. As crianças hiperativas estão sempre em movimento, sempre fazendo algo e são incapazes de ficar quietas. São impulsivas. Não param para olhar ou ouvir. Devido à sua energia, curiosidade e necessidade de explorar surpreendentes e aparentemente infinitas, são propensas a se machucar e a quebrar e danificar coisas. As crianças hiperativas toleram pouco as frustrações. Elas discutem com os pais, professores, adultos e amigos. Fazem birras e seu humor flutua rapidamente. Essas crianças também tendem a ser muito agarradas às pessoas. Precisam de muita atenção e tranqüilização. É importante para os pais perceberem que as crianças hiperativas entenderam as regras, instruções e expectativas sociais. O problema é que elas têm dificuldade em obedecê-las. Esses comportamentos são acidentais e não propositais.
Para a criança hiperativa e sua família, uma ida a um parque de diversão ou supermercado pode ser desastrosa. Há simplesmente muita coisa acontecendo - muito estímulo ao mesmo tempo. Devido à sua incapacidade de concentrar-se e ao constante bombardeamento de estímulos, a criança hiperativa pode ficar estressada.
A criança hiperativa pode ter muitos problemas. Apesar da "dificuldade de aprendizado", essa criança é geralmente muito inteligente. Sabe que determinados comportamentos não são aceitáveis. Mas, apesar do desejo de agradar e de ser educada e contida, a criança hiperativa não consegue se controlar. Pode ser frustrada, desanimada e envergonhada. Ela sabe que é inteligente, mas não consegue desacelerar o sistema nervoso, a ponto de utilizar o potencial mental necessário para concluir uma tarefa.
A criança hiperativa muitas vezes se sente isolada e segregada dos colegas, mas não entende por que é tão diferente. Fica perturbada com suas próprias incapacidades. Sem conseguir concluir as tarefas normais de uma criança na escola, no playground ou em casa, a criança hiperativa pode sofrer de estresse, tristeza e baixa auto-estima.
Um especialista em comportamento infantil pode ajudá-lo a distinguir entre a criança normalmente ativa e enérgica e a criança realmente hiperativa. As crianças até mesmo as menores podem correr, brincar e agitar-se felizes durante horas sem cochilar, dormir ou demonstrar qualquer cansaço. Para garantir que a criança realmente hiperativa seja tratada adequadamente - e evitar o tratamento inadequado de uma criança normalmente ativa - é importante que seu filho receba um diagnóstico preciso.
Durante a primeira ou a segunda consulta médica, a criança hiperativa pode ser comportar de forma quieta e educada. Sabendo o que é esperado, pode se transformar em uma criança "modelo". Esteja preparado para descrever, de forma precisa e objetiva, o comportamento do seu filho em casa e nas atividades sociais. Se seu filho está encontrando dificuldade na escola, peça ao professor que converse com o médico ou envie-lhe um relatório por escrito. Pode ser preciso várias consultas antes que o comportamento hiperativo torne-se aparente. Não se preocupe. Um especialista em crianças, geralmente, pode realizar um diagnóstico preciso.
Ao tratar da criança hiperativa, sua meta é ajudá-la a fazer o melhor possível, em casa, na escola, e com os amigos. Lembre-se sempre de que seu filho está lutando com todas as forças para superar uma deficiência do sistema nervoso. Explique, se preciso for, mas não se sinta envergonhado ou culpado quando seu filho não se comportar bem.
Os pais da criança hiperativa merecem muita consideração. É preciso muita paciência - e vigor - para amar e apoiar a criança hiperativa em todos os desafios e frustrações inerentes à doença. Os pais da criança hiperativa estão sempre preocupados e atentos, sempre "em alerta". Conseqüentemente, é fácil sentirem-se cansados, abatidos e frustrados, às vezes. É de importância vital para os pais da criança hiperativa serem bons consigo mesmos, descansar quando apropriado, além de buscar e aceitar o apoio para eles e para o filho.


TRATAMENTO CONVENCIONAL

Antes de qualquer tratamento, um exame físico deve se feito para descartar outras causas para o comportamento do seu filho, tais como infecção crônica do ouvido médio, sinusite, problemas visuais ou auditivos ou outros problemas neurológicos.
O metilfenidato é o medicamento mais comumente receitado para hiperatividade. É um estimulante que tem efeito paradoxal de acalmar o sistema nervoso e aumentar a capacidade da criança hiperativa de prestar atenção. Contudo, não deixe de verificar com seu médico antes de parar de dar esse medicamento a seu filho.
A tioridazina é um tranqüilizante ao qual se pode recorrer se a criança for extremamente agressiva e, nesse caso, apenas nas situações mais difíceis.
Na maioria das circunstâncias, o medicamento para a hiperatividade pode ser interrompido durante o verão e retomado quando as aulas começarem novamente, após as férias. Essa conduta pode limitar alguns dos efeitos colaterais prolongados desses medicamentos. Após um verão sem medicamento, talvez seja útil deixar que seu filho freqüente as primeiras semanas de aula sem qualquer medicação. Considere esse período como um teste para determinar se seu filho pode passar sem o medicamento. (Converse sempre com seu médico antes de descontinuar qualquer tratamento, durante qualquer período de tempo).



DIRETRIZES ALIMENTARES

Antes de experimentar qualquer tratamento comece eliminando o açúcar refinado e os aditivos da dieta do seu filho. Leia os rótulos cuidadosamente e elimine alimentos processados que contenham corantes, flavorizantes, adoçantes e conservantes, relacionados comumente como benzoatos, nitratos e sulfitos. Os aditivos de alimentos comuns também incluem silicato de cálcio, BHT, BHA, peróxido de benzoíla. emulsificantes, espessantes, estabilizantes, gomas vegetais e amido.
Os salicilatos muitas vezes têm implicação na hiperatividade. É mais difícil eliminá-los da dieta; ocorrem naturalmente além de serem usados como aditivos. Uma série de frutas e hortaliças conhecidas contêm salicilatos, inclusive amêndoa, maçã, damasco, banana, cereja, uva, limão, melão, nectarina, laranja, pêssego, ameixa, ameixa-seca, passa, framboesa, pepino, ervilha, pimentão-verde, pimenta-malagueta, picles e tomate.
Segundo um estudo citado no periódico Pediatrics, mais de 50% das crianças hiperativas demonstraram menos problemas comportamentais e tiveram menos problemas de sono quando seguiram uma dieta restrita. A dieta ideal não continha aditivos artificiais e químicos, chocolate, glutamato monossódico, conservantes e cafeína.


SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS

Um suplemento líquido de cálcio e magnésio é calmante para o sistema nervoso. Após ter eliminado os conservantes e o açúcar da dieta do seu filho, dê-lhe esse suplemento. As crianças de cinco a sete anos devem tomar uma colher de chá, uma vez ao dia. Crianças com mais de dez anos devem tomar uma colher de sopa, uma ou duas vezes a dia. Siga esse regime durante dois meses, depois diminua a dose para cinco dias por semana durante três meses. Em seguida, pare de dar o suplemento.
A colina aparentemente melhora a memória e a atenção de algumas crianças. Se seu filho tiver quatorze anos ou mais, experimente dar-lhe 500 miligramas por dia durante um mês.
Um suplemento líquido do complexo B é muito importante para crianças hiperativas. Ajuda a relaxar o sistema nervoso estressado e melhorar o funcionamento mental e a concentração. Siga as orientações sobre dosagem indicadas na bula e dê a dose recomendada durante dois meses. Depois, diminua a dose para cinco dias por semana durante três meses. Em seguida, pare de dar o suplemento.


TRATAMENTO FITOTERÁPICO

O chá de camomila é sabidamente relaxante. Dê ao seu filho uma dose na hora de dormir, conforme necessário.
O bupleuro é uma fórmula fitoterápica chinesa que relaxa o sistema nervoso e pode ajudar a aliviar o estresse. Dê ao seu filho uma dose diária durante um mês, seguida de aveia brava durante um mês.
Observação: O bupleuro não deve ser dado a crianças com febre ou qualquer outro sinal de infecção aguda.
A escutelária é relaxante e acalma a mente. Dê ao seu filho uma dose, três vezes por semana, durante três meses.
Observação: Essa erva não deve ser dada a crianças com menos de seis anos.
A aveia brava acalma o sistema nervoso. Dê ao seu filho uma dose diária durante um mês.
Certas essências botânicas podem acalmar a criança hiperativa. Misture uma gota de óleo de alecrim, sálvia, lavanda e camomila em 1/8 de xícara de azeite de oliva e use esse óleo aromático para esfregar os pés e coluna do seu filho na hora de dormir. Os índios norte-americanos usavam, tradicionalmente, o alecrim e a sálvia para relaxar a mente.


HOMEOPATIA

É melhor consultar um homeopata para determinar um remédio constitucional para a criança hiperativa. Contudo, os remédios a seguir ajudarão a aliviar os sintomas. Independente do remédio que escolher, a menos que indicado de outra forma, tente dar ao seu filho uma dose, três vezes ao dia, durante cinco dias. Faça isso mês sim, mês não, durante seis meses.

Para a criança magra, excitada, ansiosa e sempre apressada, useArgentum nitricum 9ch. Essa criança adora doce, que afeta seu comportamento de forma adversa. Pode ser suscetível e ter conjuntivite e amigdalite. Essa criança tem medo de multidão e não gosta de ir a lugares públicos, inclusive à escola. Prefere ficar ao ar-livre.
Calcarea phosphorica 9ch é benéfico para a criança endiabrada, geralmente do sexo masculino, inquieta, tímida e medrosa, mas que adora correr riscos e fazer traquinagens. Essa criança tende a ter gases abdominais, tem um abdome levemente proeminente e poder ter amígdalas aumentadas.
Se seu filho inquieto acalma-se tão logo é chamado à atenção, dê-lheChamomilla 9ch. Esse tipo de criança pode se tornar tão hiperativa que ficará exausta e começará a chorar.
Observação: Não dê ao seu filho Chamomilla da homeopatia e chá de camomila ao mesmo tempo. Um anulará o outro. Para atingir o efeito calmante da camomila, escolha uma forma ou outra.
Kali bromatum 9ch para a criança irrequieta que está constantemente fazendo algo com as mãos - jogando bola, brincando de bola de gude, de aviãozinho. Se não tiver nenhum brinquedo na mão, essa criança estala os dedos. As mãos da criança que toma Kali bromatum nunca estão sossegadas.
Lycopodium 9ch para a criança que está mais cansada, mais inquieta e irritada entre 4:00 e 8:00 da noite. Cansada ou não, essa criança não quer sentar-se à mesa do jantar, mas quer comer. Essa criança aparenta mais idade e tem geralmente uma inteligência acima da média.
Uma dose de Medorrhinum 1M ajudará a criança irritada, agitada e apressada. Essa criança pode ter tido assadura quando bebê e, posteriormente, erupções cutâneas e asma.
Stramonium 30d é para a criança com séria hiperatividade e possível agitação violenta. Sua voz é alta e sua fala é rápida, possivelmente incoerente.


RECOMENDAÇÕES GERAIS

Elimine conservantes e açúcar da dieta do sei filho. É o mais importante e primordial a fazer pela criança hiperativa. Para melhorar ainda mais, siga todas as recomendações sob Diretrizes Alimentares.
Dê ao seu filho um suplemento líquido de cálcio e magnésio.
Dê ao seu filho a erva chinesa bupleuro.
Escolha um remédio homeopático específico para o sintoma do seu filho. Se não estiver satisfeito com os resultados, consulte um homeopata para descobrir um remédio constitucional.
Busque terapia e experimente modificação comportamental. Essas disciplinas ajudam a criança a entender o problema contra o qual está lutando, a estabelecer metas e padrões e reconhecer e avaliar seu comportamento. Podem ser de grande valia. Esses programas ensinam controles internos que podem ser usados em várias situações. Seu filho aprenderá a oferecer recompensas pelos seus feitos e aprenderá a partir dos seus erros. Coopere com seu médico ou terapeuta para desenvolver programas de modificação comportamental. É importante que o programa seja claro, facilmente entendido e facilmente executado por todos que dele participam - pela criança bem como pelos adultos. É essencial que essas intervenções sejam realizadas com cautela e boa vontade, em um ambiente calmo e carinhoso. A criança deve participar com disposição. Certifique-se de que os dois tenham entendido que esses programas objetivam ajudar e não punir.
Desenvolva uma rotina estável em casa. Para diminuir a confusão e a quantidade de estímulos diários, defina horários específicos para comer e dormir.
Experimente atribuir uma tarefa pequena e rápida e insista delicadamente para que seja concluída. Em seguida, não deixe de agradecer e elogiar seu filho quando a tarefa tiver sido concluída.
Faça com que a criança participe de projetos que ela goste para ajudá-la a concentrar-se. Aprender a concentrar-se alterará sua resposta ao mundo, gradativamente. Lembre-se sempre de que, além de ter um desequilíbrio do sistema nervoso que transforma em tortura o simples ato de permanecer sentado, a criança hiperativa e inteligente entedia-se facilmente. Coopere com seu filho para ajudá-lo a realmente concluir um projeto. Concluir um projeto oferecerá uma idéia de competência e maior auto-estima. O domínio e conclusão de uma tarefa requer elogio.
Busque terapia para você e seu cônjuge. Para ajudar a diminuir os sentimentos de frustração e isolamento, os pais da criança hiperativa precisam de informação e apoio. Busque auxílio; certamente encontrará. Você aprenderá a apoiar seu filho e a ficar calmo e próximo, mesmo quando a situação parecer fora de controle. Você também aprenderá que é importante que os pais tirem férias sem se sentirem estressados ou culpados por deixarem uma criança "difícil" com outras pessoas competentes.
Nunca é demais enfatizar a necessidade dos pais terem uma folga. Tire uma tarde, uma noite ou um fim de semana. Entre em contato com uma pessoa que possa tomar conta do seu filho. Ligue para seus pais e amigos.
Se você não fizer isso para o seu próprio bem, faça por seu filho. Provavelmente você voltará se sentindo renovado, mais calmo e carinhoso.


PREVENÇÃO

Durante a gestação, mantenha a exposição a chumbo ambiental ao mínimo possível e elimine álcool. Os dois tem sido relacionados à hiperatividade.
Não deixe que seu filho se exponha ao chumbo. As fontes mais comuns de exposição ao chumbo são tinta à base de chumbo, água potável e cerâmica mal esmaltada.


ALGUNS FATOS SOBRE A HIPERATIVIDADE

Embora muitos pais de crianças enérgicas perguntem aos médicos sobre a hiperatividade, ela não é problema comum. De acordo com um artigo publicado no British Journal of Psychiatry, apenas 3% das crianças são realmente diagnosticadas com a desordem do déficit de atenção.
A hiperatividade é dez vezes mais comum nos meninos do que nas meninas.
A causa ou causas exatas da hiperatividade são desconhecidas. A comunidade médica teoriza que a desordem pode ser resultado de fatores genéticos; desequilíbrio químico; lesão ou doença na hora do parto ou depois do parto; ou um defeito no cérebro ou sistema nervoso central, resultando no mau funcionamento do mecanismo responsável pelo controle das capacidades de atenção e filtragem de estímulos externos.
Metade das crianças hiperativas têm menos problemas comportamentais quando seguem uma dieta livre de substâncias como flavorizantes, corantes, conservantes, glutamato monossódico, cafeína, açúcar e chocolate.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

'O ENSINO DE HISTÓRIA, NEOLIBERALISMO E CIDADANIA'


"O ENSINO DE HISTÓRIA, NEOLIBERALISMO E CIDADANIA"

"THE THEACHING'S HISTORY , NEOLIBERALISM AND CITZENSHIPS "

BENSI, R.F.

SALVUCCI, M

BENSI, R, F. graduando em História pela PUC-Campinas. Estagiário do Arquivo Central do Sistema de Arquivos da Unicamp (SIARQ). rafa_sabbath@hotmail.com

SALVUCCI, M. Cientista Social – UNICAMP , Mestre em Educação, profª dos Cursos de História e Geografia da Puc-Campinas. salvucci@terra.com.br

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo levantar questões acerca do Ensino de História na formação dos alunos e alunas do Brasil tendo em vista a criação dos novos Parâmetros Curriculares Nacionais após a inserção do país no chamado neoliberalismo, além de analisar as condições encontradas para a execução desse ensino em vários aspectos da sociedade, tendo como pano de fundo a questão da cultura de massas no Brasil.

Palavras-chave: Educação, Alienação, Cidadania.

ABSTRACT

This article has as objective raise questions about the role of the school in the training of students in Brazil and the creation of new National Curriculum Parameters after the insertion of the country in the so called neoliberalism, in addition to analyze the conditions found for the implementation of this material in several aspects of the Brazilian society.

Key-words: Education, Alienation, Citzenships.

INTRODUÇÃO

Muito se fala sobre qual o verdadeiro papel da escola na vida dos adolescestes brasileiros na atualidade, tendo em vista principalmente, a ascensão da tecnologia e a melhoria de qualidade de vida no país decorrente de uma estabilidade econômica conquistada nos últimos anos.

A educação pública no Brasil, em detrimento da economia, vive uma instabilidade produzida principalmente pelos questionamentos propostos pelo neoliberalismo para transformar a educação brasileira em um ensino de qualidade. Mas qual realmente é o papel da escola nos dias atuais? Quais são as alternativas para lidar com uma juventude que possui especificidades vindas de uma sociedade consumista?

Dentro desta conjuntura é necessário que entendamos o que é o neoliberalismo e o que suas mudanças políticas e econômicas resultaram na sociedade brasileira.

"O Neoliberalismo é um projeto sério e racional, uma doutrina coerente e uma teoria vinculada e reforçada por certos processos históricos de transformação do capitalismo. É uma doutrina, pelo menos de fato, conectada com uma nova dinâmica tanto tecnológica e gerencial quanto financeira dos mercados e da competição."[1] Nessa conjuntura, o neoliberalismo prega o Estado mínimo, que é o repasse de fatias públicas para as grandes corporações, retirando assim, a responsabilidade do governo de administrar tais órgãos, repassando-os para o setor privado.

Entender todo esse processo de implantação das políticas neoliberais no Brasil se torna fundamental para que possamos visualizar suas influências.

O neoliberalismo gerou novas demandas e uma delas afeta claramente a educação no Brasil, afinal o projeto neoliberal a nível mundial teve suas exigências no que tange ao preparo dos alunos da escola básica, para o mercado de trabalho.

Os jovens brasileiros nos dias atuais sofrem por vários motivos um esvaziamento de suas responsabilidades enquanto alunos e alunas e principalmente como aprendizes, pois desde o seio da família até as salas de aula, são vários os problemas que podem ser enumerados, visto que o Brasil não tem apresentando bons resultados no que tange a qualidade da educação.

É fundamental que analisemos com rigor os novos rumos projetados pelos currículos para discernir o que está em processo de mudança e como de fato alunos e alunas, que freqüentam nossas escolas a assimilam (interiorização, aquisição) e se aproximam do objeto do conhecimento. Os currículos escolares no Brasil têm sido alvo de muitas análises, porém, às propostas mais recentes, tem procurado se preocupar definitivamente na relação entre ensino e aprendizagem e não mais apenas na questão do ensino, como anteriormente. As reflexões fomentaram discussões que vieram a fornecer novas bases e um novo suporte para a elaboração de grande parte dos atuais currículos formais e normativos criados pelo Estado.

No Brasil durante a década de 80, os responsáveis pela educação estavam preocupados, porém, divididos com a reformulação curricular, com isso trouxeram avanços para o estabelecimento de novos critérios de seleção de conteúdos, resultando em uma concepção mais complexa, ao envolver a relação ensino e aprendizagem.

As propostas de renovação dos métodos de ensino pelos atuais currículos, passeiam por questões que considero importantes, principalmente no que tange a ênfase em competências e habilidades, metodologia de projetos de aprendizagem, temas transversais, contextualização e etc. Porém, a principal preocupação não se cristaliza naquilo em que os PCN´s trouxeram de novo, mas sim, naquilo em que fora conservado e nas formas com que se pretende avaliar o aprendizado desses alunos e alunas, inclusive o professor e a professora.

Os PCN´s vieram configurados como uma relação de conteúdos considerados válidos e necessários na busca por uma homogeneização do ensino no Brasil. A operacionalização e o cumprimento desse currículo cabe ao professor que manterá sua autonomia como produtor e transmissor de conhecimento, porém, o aprendizado dos alunos será sempre acompanhado por meio da avaliação nacional e, conseqüentemente o trabalho do professor também o será. Avaliação essa que prioriza competências e habilidades, que atende ao mundo do trabalho no sistema capitalista.

A proposta dos PCN`s é que o ensino não tenha como meta o mero acúmulo de informações, mas que trabalhe a formação integral do aluno e aluna, enquanto cidadão e cidadã, com uma visão crítica da sociedade em que vive, possibilitando-lhe o desenvolvimento de valores éticos de solidariedade, cooperação, valorização da pluralidade cultural e o respeito ao meio ambiente. Posto isso, é necessário dizer, que ao repensar o ensino no Brasil, não podemos simplesmente enxergar o aluno como mero receptor de um conhecimento pré-estabelecido, mas sim como agente atuante na formulação de seu próprio conhecimento.O ensino não deve se pautar somente em desenvolver competências e habilidades, visando à inserção do público alvo numa sociedade competitiva. Nesta realidade, o papel do professor e professora torna-se primordial, pois ambos vão elencar e transferir conhecimentos que possibilitem as esses alunos e alunas – independente de classe social – a se tornarem cidadãos e cidadãs preparados ética e moralmente para enfrentar a atualidade e o mundo do trabalho.

Pois bem, dentro desta conjuntura, é necessário que atentemos para a questão primordial que vem de dentro das instituições, pois o cotidiano das escolas vive uma lógica não percebida pelos formuladores dos PCN´s, devido à falta muitas vezes de um maior contato com a realidade, os impede de enxergar as reais necessidades do ensino no Brasil.

Segundo a revista VEJA de 20 de agosto de 2008, a pesquisa CNT/Sensus mostrou que 56% dos pais de alunos do Brasil esperam que a escola "ensine as matérias" e dê "formação profissional" a seus filhos ao invés de ajudar na formação do cidadão para viver em sociedade. Vale lembrar, que em uma sociedade pouco letrada, onde as pessoas não se reconhecem como "agentes" no processo histórico do país, outra resposta à pesquisa se torna difícil, principalmente por que vivemos numa sociedade onde a lógica de mercado está em primeiro lugar.

Em uma sociedade que perdeu a referência histórica e que pouco dialoga com o passado, fica difícil conceber possibilidades de um ensino voltado para constituição de uma sociedade mais justa, onde os valores morais, éticos e solidários deveriam estar acima da competitividade. Nesse sentido Frei Beto (2008) nos dá uma contribuição importante no que concerne ao papel da televisão e dos meios de comunicação atuais no processo de alienação das pessoas em nosso país, alertando para a questão da subjetividade que é uma "dimensão essencial" do ser humano.

Segundo teóricos da escola de Frankfurt, a indústria cultural, promove lazer e bem estar, diferentemente do papel da escola, sendo assim há uma disputa entre o papel da escola e dos meios de comunicação de massa.

Cidadania e Educação

Existe nos dias atuais uma tensão entre o conteúdo predominante nas emissoras e o propósito educativo. As emissoras de TV no Brasil, pouco se preocupam com a formação dos cidadãos, porém trabalham incessantemente para a formação de consumidores. Diante dessa dicotomia, estão os educadores e a família.

A televisão aberta no Brasil trabalha como uma força contrária à educação, pois seu conteúdo é hegemonicamente voltado para o fortalecimento do mercado, não se importando se sua prioridade voltada para o consumismo, fere ou não valores e parâmetros éticos que a escola através da educação tenta incutir nos alunos e alunas.

Dentro dessa conjuntura, existe um grande desafio da educação no Brasil, pois a televisão não visa transmitir cultura – afinal ela cria discernimento crítico – mas sim em levar as pessoas à alienação.

A substituição da importância da escola na vida das pessoas se dá naturalmente em nossa sociedade neoliberal, pois a chamada "cultura de massas" acaba preenchendo o vazio cultural na vida das pessoas, fazendo com que elas percam o contato muitas vezes com o real.

A "cultura de massas" disseminada pelos meios de comunicação acaba criando nas pessoas o sentimento de pertencimento na sociedade, mascarando a realidade social em que precariamente vivem milhões de brasileiros. É justamente nesse sentido em que a propaganda neoliberal acaba sendo assimilada pelas pessoas, impedindo-as de refletir sobre sua situação como classe social.

Nesse aspecto a educação no Brasil vem travando uma luta contra essa influência negativa e vem sendo tratada pelos governos como sendo parte de uma reestruturação social no país. Em relação ao ensino de História, a redefinição do papel do professor a partir dos anos 80, fora uma das mudanças mais aparentes na questão do trabalho pedagógico, pois conferiu aos educadores e educadoras mais autonomia no trabalho, não os deixando sumariamente presos a um rol de conteúdos. "O objetivo era recuperar o aluno como sujeito produtor da História, e não como mero espectador de uma história já determinada, produzida pelos heróicos personagens dos livros didáticos".[2]

Advindo os anos 90, o ensino de História tem novos paradigmas teóricos que são propostos e incorporados às produções historiográficas, respondendo assim, aos temas mais significativos da sociedade.

Para a historiadora e pesquisadora Circe Bitencourt "um dos objetivos centrais do ensino de história na atualidade, relaciona-se à sua contribuição na constituição de identidades. A identidade nacional, nessa perspectiva, é uma das identidades a ser constituída pela história escolar, mas por outro lado, enfrenta o desafio de ser entendida em suas relações com o local e o mundial"[3], portanto, a constituição das identidades está totalmente relacionada com a questão da cidadania, que é um problema essencial na atualidade brasileira. Nesse aspecto, fundamentalmente, é que se encontra nos PCN's a afirmação de que a História deve contribuir para a formação do "cidadão e cidadã críticos" mostrando a importância política da disciplina. Nesses aspectos discutidos e tendo como fundamento todo o debate teórico intrínseco nos PCN's, é que devemos repensar a questão de como os professores e professoras irão trabalhar com esse material, principalmente, pelo fato de quê muitas vezes a realidade encontrada nas escolas dificulta-lhes muito o trabalho.

"As mudanças curriculares devem atender a uma articulação entre fundamentos conceituais históricos, provenientes da ciência de referência, e as transformações pelas quais a sociedade tem passado em especial as que se referem às novas gerações. Diversidade cultural, problemas de identidade social e questões sobre as formas de apreensão e domínio das informações impostas pelos jovens formados pela mídia, com novas perspectivas e formas de comunicação, têm provocado mudanças no ato de conhecer e aprender o social " (Bittencourt, 1992: 135)

A proposta do PCN's acabou por deixar de lado algumas questões de ordem primordial na questão da prática, pois faltou uma abordagem mais incisiva sobre a realidade das escolas, dos professores e das professoras que colocam em prática cotidianamente, as teorias de ensino referentes aos conteúdos propostos nos Parâmetros Curriculares, principalmente no que refere-se à questão de infra-estrutura e no perfil psicológico dos próprios alunos e alunas que serão responsáveis por disseminar estes conhecimentos no decorrer da vida escolar[4].

Trabalhar fundamentalmente com base na experiência do aluno e aluna, valorizar o conhecimento espontâneo, sem ser espontaneista, isto é, considerar-se-á a importância de relacionar os acontecimentos históricos cotidianos, vinculando-os com o conhecimento da História Contemporânea, elaborada e sistematizada. Não deixar de trabalhar com cronologia, mas, inseri-la gradativamente de acordo com os conteúdos estudados, principalmente no que refere-se à inter-relação com os acontecimentos cotidianos e experiências pessoais do alunado.

Considerações Finais

Dentro dessa discussão posiciono-me de forma favorável ao dever da escola e principalmente, do ensino de História em dar sua contribuição para a formação de pessoas que realmente venham a se tornar agentes históricos, cidadãos (ao longo da história o conceito de cidadania foi ampliado, passando a englobar um conjunto de valores sociais que determinam o conjunto de deveres e direitos de um cidadão), e não apenas reprodutores de uma realidade vigente, mas, transformadores desta mesma realidade. O ensinar História é exclusivamente trabalhar com a cidadania em diferentes tempos e espaço. Ensinar alunos e alunas a pensar criticamente, questionando a cultura de massas que lhes é transmitida gratuitamente, é um dever da escola enquanto instituição de ensino, portanto a formação ética, moral e de consciência política, vem à frente de uma formação unicamente técnica. É nesse sentido que o ensino de História torna-se fundamental, pois é dialogando com o passado que entendemos melhor nossa própria realidade atual.

Dentro desta conjuntura as contribuições exclusivas do ensino de História, na formação da cidadania, ultrapassam a questão cívica e de valorização de heróis fabricados. A História ensina a conhecer, entender e pensar o presente com olhos no passado, afinal, entender as transformações ocorridas tanto no campo estrutural como no campo das ideologias é fundamental para a consolidação de uma sociedade mais justa.

Uma proposta pedagógica para o ensino de História que não se prenda apenas aos fatos, e que tenha como objeto principal o estudo dos conceitos, certamente, proporcionaria novas possibilidades, além de um processo de evolução no ensino e aprendizagem dos alunos e alunas no ensino básico, afinal, através de uma visão crítica dos conceitos presentes na experiência pessoal de cada um, nasce uma maior compreensão da própria realidade. Cabe ao professor e professora de História, resgatar estas experiências, dar-lhes sentido concreto e, possibilitar a apropriação, tanto por parte de alunos e alunas, possibilitando-lhes a compreensão de tais conceitos para a vida e, não simplesmente para preparar alunos e alunas para ingressarem nas Faculdades. Ensinar História é trabalhar com identidades, com cultura e, por que não com a formação dos cidadãos e cidadãs que exercem papeis distintos na vida e na sociedade brasileira. Portanto, é indispensável o empenho de todos na formulação de uma nova educação no Brasil. Uma educação que contemple todas as áreas do conhecimento e não apenas o setor técnico que é a única preocupação da sociedade neoliberal.

REFERÊCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BETTO, Frei, DE MASI, Domenico. Diálogos Criativos. São Paulo: Sextante, 2008

BITENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: Fundamentos e métodos.São Paulo: Cortez, 2004.

________________________________. Os confrontos de uma disciplina escolar: da História sagrada à História profana. IN: Revista Brasileira de História. São Paulo: ANPUH. V. 13; n. 25/26; set. 1992/ago. 1993

GERALDI, C. M. G. A Cartilha Caminho Suave não morreu: MEC lança sua edição revista e adaptada aos moldes neoliberais. In: Esteban. (Org.). Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. Rio de Janeiro: R. P. & A Editora, 1999

NEVES, Lúcia Maria Wanderley. Ensino Médio, Ensino Técnico e Educação profissional: Delimitando Campos. In: Educação e Política no limiar do século XXI. Campinas, SP: Autores Associados, 2000.

IOSCHPE, Gustavo.A neutralidade como dever. Veja, São Paulo, p. 86, 20 Ago. 2008

SCHIMIDT, M. A & CAINELLI, M. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2004 ( Pensamento e Ação no Magistério).

THERBORN, Goran. A História não terminou. In: As políticas sociais e o estado democrático. SADER, Emir e GENTILI, Pablo (orgs.) Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995

WEINBERG, Mônica, PEREIRA, Camila. Prontos para o século XIX. Veja, São Paulo, p. 76, 20 Ago. 2008.


[1] THERBORN, Goran. A História não terminou. In: As políticas sociais e o estado democrático. SADER, Emir e GENTILI, Pablo (orgs.) Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995, pág. 182

[2] SCHIMIDT, M. A & CAINELLI, M. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2004 ( Pensamento e Ação no Magistério).

[3] BITENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: Fundamentos e métodos.São Paulo: Cortez, 2004, p. 121

[4] GERALDI, C. M. G. . A Cartilha Caminho Suave não morreu: MEC lança sua edição revista e adaptada aos moldes neoliberais. In: Esteban. (Org.). Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. Rio de Janeiro: R. P. & A Editora, 1999, v., p. 101-128.

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O Ensino de História publicado 18/11/2008 por Rafael Bensi em http://www.webartigos.com

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Fonte: http://www.webartigos.com/articles/11470/1/O-Ensino-de-Historia/pagina1.html#ixzz16o7BFqvt

História da Educação Infantil no Brasil

domingo, 28 de novembro de 2010

Trabalhando com Alunos: Subsídios e Sugestões


O desafio de ensinar a aprender para continuar aprendendo


Uma experiência com um grupo de EJA mostra algumas das condições fundamentais para ensinar o aluno a aprender, ajudá-lo a tomar consciência do que sabe e a continuar aprendendo pela vida afora.

Este artigo tem a intenção de evidenciar a importância de se pensar na educação de adultos, partindo da premissa de que o ensino da leitura e da escrita deve contribuir para que eles possam aprender para continuar aprendendo fora da escola. O exemplo de um Projeto realizado com alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) em Jundiaí (SP), no ensino fundamental e médio (modalidade semipresencial), no qual uma das autoras realiza a formação dos professores, contribuirá para tratarmos do tema em questão.

Durante um longo tempo em nosso país, acreditou-se que seria suficiente ensinar aos alunos as letras, as sílabas, as palavras, a escrita com letra cursiva e que depois, sozinhos, eles teriam condições de ler e escrever todos os gêneros textuais e, assim, continuar aprendendo dentro e fora da escola. Podemos verificar o fracasso dessa concepção não só na quantidade de não-alfabetizados, com na de analfabetos funcionais (adultos que dominam o sistema de escrita, mas que não conseguem utilizar a leitura e a escrita com sua real função de uso) que o sistema gerou, mas também naqueles que teoricamente não fracassaram, já que conseguiram continuar estudando. Muitas vezes, mesmo freqüentando faculdades ou centros universitários e embora tenham passado no mínimo 11 anos nas escolas de ensino fundamental e médio, esses alunos apresentam dificuldades básicas em relação à leitura e à escrita de textos.

Hoje, sabemos que o ensino da leitura e da escrita dos diferentes gêneros textuais deve ocorrer concomitantemente ao ensino do sistema de escrita, pois este último materializa-se nos gêneros. Por isso, torna-se evidente a importância de pensar na educação de um modo geral, e na de adultos em particular, postulando que o ensino da leitura e da escrita para aprender a aprender não se reduza aos manuais escolares e contemple textos que envolvam processos argumentativos, explicativos e expositivos, os quais têm a função predominante de informar e que aqui chamaremos de informativos-científicos. Para a nossa discussão, também incluiremos textos jornalísticos (notícia, reportagem, artigo de opinião e entrevistas). É importante ressaltar que não descartaremos a relevância e outros gêneros textuais, como contos, poemas, provérbios, receitas, manuais de instrução, etc., para aprendizagem da leitura e da escrita com autonomia. Contudo, nosso objetivo principal é abordar a leitura e a escrita para aprender a estudar.

Em geral, os professores do curso em andamento afirmam que os alunos não sabem ler e compreender os textos mais complexos. Essa constatação parece ainda mais grave quando se trata de ensino semipresencial, o qual necessariamente exige que o aluno tenha autonomia para estudar e buscar informações. A instituição escolar ainda está pouco preparada para ensinar os alunos procedimentos que realmente propiciem maior autonomia para a aprendizagem. Daí a proposta de montarmos o projeto Oficinas de Leitura e Escrita, dirigido aos alunos da EJA, com o objetivo de que aprendam procedimentos de escrita e leitura a partir do estudo sobre doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e AIDS, com a confecção de um painel de textos produzidos pelos alunos do tipo "Você sabia?".

Ensinando a aprender, para aprender mais

Os professores selecionam semanalmente para o jornal mural aquelas notícias que julgam pertinentes à leitura dos alunos, utilizando os modelos de organização das editoras nos jornais de grande circulação: Mundo, Brasil, Jundiaí, Eventos Culturais, Quadrinhos, Horóscopo, Moda, Saúde, Classificados.

Por meio do jornal mural, divulgamos a realização da oficina sobre DTSs e AIDS. A partir desse anúncio, os alunos deveriam fazer sua inscrição. Em turnos diferentes, montamos dois grupos, misturando alunos dos diferentes segmentos da educação. O critério de formação dos grupos foi reunir alunos que tivessem o desejo de ler e escrever melhor os textos informativos.
Em caráter experimental, a oficina contabiliza 24 horas e acontece uma vez por semana. Nosso principal objetivo é que os alunos tomem consciência de alguns procedimentos necessários para aprender a aprender. Assim, definimos alguns princípios norteadores do desenvolvimento do trabalho.


1. É preciso partir daquilo que os alunos já sabem.

Uma das condições para ensinar os alunos a aprender para continuarem aprendendo vida afora é ajudá-los a tomar consciência do que sabem. Para tanto, é necessário que o professor não só acredite que os alunos têm conhecimentos e condições necessárias para aprender, como também explicite isso em suas atitudes. De que modo o professor pode realizar essa tarefa? Planejando atividades com o que os alunos trazem, com o que eles precisam saber.

Exemplo prático: a partir de uma situação problema sobre DSTs e AIDS, os alunos teriam de escrever o que sabiam sobre o assunto. Este foi nosso primeiro material de análise sobre a escrita dos alunos e também a forma pela qual pudemos saber quais eram as hipóteses de cada uma sobre o tema, que tipo de informações traziam, se de fato tinham algum fundamento científico para, com base nessas informações, elaborar a próxima situação de estudo. É interessante ressaltar que não existiam grandes diferenças entre o que os alunos dos diferentes níveis (5ª a 8ª séries e ensino médio) sabiam sobre o assunto.


2. É preciso que os alunos aprendam o organizar e relacionar as informações que já possuem com as que estão adquirindo.

É importante que o professor ajude os alunos a estabelecer relações entre o que já aprenderam e o que estão aprendendo, criando em sala de aula um ambiente favorável à troca de idéias. Isso significa que os professores devem constantemente propor questões que possibilitem aos alunos refletir sobre o que sabem e o que estão aprendendo. Outras vezes, é o professor quem explicita as relações que ele pode estabelecer entre um conhecimento e outro. As perguntas e as relações verbalizadas ajudam os alunos a perceber que a construção de conhecimento ocorre por meio de sucessivas reorganizações, as quais são feitas a partir de novas relações. O professor pode dizer "Eu nunca havia pensado que tal fato tem relação com isso" (evidentemente, se isso de fato for verdadeiro), ou "A informação que tal aluna trouxe tem relação com determinado assunto estudado", ou ainda, "Eu assisti um filme sobre como as pessoas portadoras de hanseníase eram tratadas em determinado momento histórico e o relacionei com o preconceito que muitas pessoas têm ainda hoje com portadores do HIV".

Exemplo prático: após a leitura de uma notícia de jornal que comentava fatores que interferiam no tratamento da AIDS e o prejudicavam, uma aluna comentou que era portadora do vírus HIV e que havia abandonado o tratamento porque acreditava estar curada, já que estava assintomática e atribuía sua "cura" ao trabalho realizado em um culto religioso. Por meio da leitura de texto e do seu depoimento, abordamos outras questões delicadas e igualmente importantes de serem incluídas no trabalho escolar: o preconceito, o papel da medicina e da religião, etc. Nessas situações, os alunos não só encontram uma possibilidade de testar e validar seus saberes, como também têm a oportunidade de rever conceitos e pré-conceitos, compreendendo que muitos conhecimentos e valores que construímos são fruto das informações que temos sobre determinado assunto.


3. É preciso que os alunos aprendam a formular perguntas sobre o que querem aprender

Podemos dizer que formular perguntas é uma condição para se continuar aprendendo fora da escola. Este é um momento muito importante do trabalho, pois o professor deve ajudar os alunos a estabelecer uma relação entre atividade anterior e a atual, isto é, sobre o que sabiam ou pensavam saber, o que querem saber e o que quer que eles saibam. Por ser uma condição que se adquire novas informações, a formulação de perguntas deve ser realizada sistematicamente, e não só no início do desenvolvimento do estudo. Ter consciência de que esse é o primeiro passo para a busca de respostas, de novos conhecimentos, é um conteúdo fundamental que a escola deve ensinar.

Exemplo prático: no decorrer da primeira situação de levantamento e organização das perguntas, uma aluna fez o relato de suas experiências a partir de uma pergunta sobre a possibilidade de a AIDS ser transmitida por meio do beijo. Ela contou que seu marido era portador do vírus HIV, mas ela não. Assim, ao acompanhar o marido em seu tratamento, ela havia adquirido muitas informações a partir das dúvidas que levava para os médicos.


4. É preciso que os alunos aprendam como e onde podem encontrar informações sobre o assunto.

No desenvolvimento de um estudo, é fundamental que o professor diversifique as fontes de pesquisa e, mais ainda, que organize a atividade para que as tarefas seja distribuídas entre os alunos. Do contrário, buscar informações para contribuir com a ampliação dos conhecimentos dos colegas torna-se completamente sem sentido. Se todos têm uma mesma questão, um mesmo material de pesquisa, no que de fato cada um pode contribuir par a ampliação dos conhecimentos dos outros? Um estudo como esse pode ser uma grande experiência para a vida, ou melhor, para aprender que o conhecimento também é construído coletivamente, que é necessário ter uma relação solidária e comprometida, que é preciso aprender a se organizar em grupos, a distribuir tarefas, e que não existe uma única maneira de se encontrar respostas.

Exemplo prático: realizamos um levantamento sobre onde poderíamos obter respostas para tantas questões levantadas (em um dos grupos, foram 43 perguntas). A primeira resposta dos alunos foi a de que as informações encontram-se nos livros. Depois é que foram refletindo que jornais, revistas e folhetos também podem ser preciosa fonte de pesquisa. Os filmes e as entrevistas não entraram nesse rol; os professores é que foram os informantes de tais possibilidades.


5. É preciso que os alunos aprendam a desenvolver procedimentos que os ajudem a localizar a informação com eficácia.

Um dos fatores que podem ajudar os alunos na busca por informações mais precisas é a clareza sobre as perguntas que direcionam sua pesquisa e o que deve ser feito com as informações apuradas. Um dos procedimentos que temos enfatizado é que grifem no texto as informações que julgam pertinentes em função das perguntas que formularam nos diversos momentos do estudo. Depois disso, realizamos coletivamente uma lista das informações selecionadas para analisar quais são as mais pertinentes e relevantes em relação ao que está sendo pesquisado no momento.

Exemplo prático: os alunos sempre tinham de buscar informações específicas, com objetivos claros, como responder a uma ou mais perguntas que o próprio grupo havia elaborado, ou selecionar uma informação que julgavam ser muito importante para incluir no texto "Você sabia?", um dos conteúdos do painel do projeto.

O que pretendemos aqui é tornar evidente a necessidade de transpormos a idéia de aprender para aprender do discurso dos educadores para situações praticas de ensino. Neste artigo, apresentamos de forma breve algumas das condições fundamentais para ensinar o aluno a aprender, para ajudá-lo a tomar consciência do que sabe a continuar aprendendo pela vida afora.

__________
Marta Durante e Miriam Orensztejn
Marta Durante é pedagoga, mestre em Educação, professora do Centro Universitário FIEO / Osasco e integrante da equipe de formadores de professores da CENP do Programa Letra e Vida/ PROFA da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo.
Email: martadurante@globo.com

Fonte:http://www.udemo.org.br/RevistaPP_02_10Odesafio.htm

CONSIDERAÇÕES SOBRE O LIVRO: PEDAGOGIA DA AUTONOMIA

O professor Paulo Freire, em seu livro Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa (1996). Estabelece um conjunto de princípios que pode nortear a prática docente. O livro trás os seguintes tópicos para reflexão: Cap.1 Não há docência sem discência. Cap.2 Ensinar não é transferir conhecimento. Cap. 3. Ensinar é uma especificidade humana.

Não há docência sem discência.

Neste capítulo Freire ressalta que, a reflexão critica sobre a prática se dá através do comprometimento com a pesquisa, a sala como um ambiente criativo e autentico onde educador e educando, ora educam ora são educados, e desta forma os saberes são construídos, o professor não é detentor de todo conhecimento e deverá recorrer à pesquisa sempre que for necessário. A autonomia pelo conhecimento se dá através da liberdade na escolha da melhor forma de assimilar os conteúdos e no comprometimento de ensinar o pensar certo, isso exige do profissional uma atitude rigorosa com o seu trabalho buscando ter sucesso na sua tarefa de ensinar a todos.

Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade. (1996, p. 29,)

Ensinar não é transferir conhecimento

Segundo Freire o educador necessita de outros saberes, dentre eles o respeito aos saberes do educando para isso ensinar exige humildade educacional para entender o educando como cidadão que já possui uma leitura de mundo. Na sua prática cabe ao professor descobrir a melhor maneira de a partir do conhecimento cultural do aluno ensinar o conhecimento escolar num processo onde o saber científico só será apreendido quando o conteúdo tiver significado na vida do educando. O que Freire enfatiza é a importância do apreender em detrimento da memorização, onde o aluno deve ser capaz de internalizar o conceito ou terá como conseqüência a reprovação. Freire nos ajuda a ver que o verdadeiro aprendizado se dá nas relações contextualizadas e que, devido ao bom entendimento, o conceito é transformado e trabalhado nas relações reais que envolvem a vida do aluno, numa atitude onde as tarefas do cotidiano permeiam a construção dos saberes escolares.

O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros... É neste sentido também que a dialogicidade verdadeira, em que os sujeitos dialógicos aprendem e crescem na diferença, sobretudo, no respeito a ela,... (1996, p.59- 60.)

Ensinar é uma especificidade humana

Por esta ótica a função do educador é: respeitar a leitura de mundo do aluno ajudando-o a descobrir novos saberes, ou também, sistematizar o conhecimento já apreendido, na sua realidade cultural, resignificando seu conhecimento. O que se espera é que o professor capacite o aluno a entender o conteúdo escolar, instrumento necessário para que ele tenha mais oportunidade de sucesso, no decorrer da sua vida cidadã.

Meu papel de professor progressista não é apenas o de ensinar matemática ou biologia, mas sim, tratando a temática que é de um lado objeto de meu ensino, de outro, aprendizagem do aluno, ajudá-lo a reconhecer-se como arquiteto de sua própria prática cognoscitiva. (1996, p.124)

Desta forma, estes princípios constituem uma prática educativa que concebe educador e educando como seres inacabados e dialógicos e lhes oferece o direito a autonomia na construção de uma relação de reciprocidade democrática que respeite a relação professor - aluno em busca de um fazer pedagógico que realmente proporcione a aprendizagem. A prática educativa na visão de Freire é libertadora, pois liberta professor e aluno levando-os a buscar seu próprio conhecimento através da autonomia, que só acontece quando ambos obtêm consciência política e compreensão do mundo em que vivem. O professor deve entender que sua prática não é neutra e diretamente influi na visão do aluno, de como interferir no mundo, e se puder, modificá-lo.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O TEXTO: FORMAR PROFESSORES COMO PROFISSIONAIS REFLEXIVOS

No progressivo desenvolvimento da "cultura reflexiva, (termo utilizado para referir-se ao estudo das teorias do conhecimento, adquirido através de atividades práticas). Destacam-se os conceitos de Donald Schön, filósofo e pedagogo norte-americano que tem centrado seus estudos sobre a formação docente. Neste texto, o autor produz uma síntese genérica, aplicando as suas teorias à formação de professores (1992, p.11). Segue uma linha de argumentação centrada no saber profissional, tomando como ponto de partida a "reflexão-na-ação", que é realizada ao se defrontar com situações de incertezas, singularidade e conflito.

Este tipo de ensino é uma forma de reflexão-na-ação que exige do professor uma capacidade de individualizar, isto é, de prestar atenção a um aluno, mesmo numa turma de trinta, tendo a noção do seu grau de compreensão e das suas dificuldades (1992, p.82).

Donald Schön centra sua concepção no desenvolvimento de uma prática reflexiva, em três dimensões da reflexão sobre a prática: a compreensão das matérias pelo aluno; à interação interpessoal entre professor e o aluno; a dimensão burocrática da prática. (1992, p. 90-91).

  • A compreensão das matérias pelo aluno, traz consigo um saber que está presente nas suas ações, como ele compreende as propostas escolares, como interpreta as informações trazidas pelo professor. Este conhecimento adquirido está associado de certo modo ao enfrentamento das situações vividas revelando um conhecimento espontâneo, intuitivo. O conhecimento, portanto, é revelado por meio de ações espontâneas e habilidades.
  • Na interação interpessoal entre aluno e professor, Shön considera, como o professor se compreende ou compreende seu aluno, a partir do seu ponto de vista, diante de uma situação problema. Que qualidade de ação é produzida em meio às dificuldades sociais no cotidiano? Como pensa, reorganiza, reflete sobre a ação.
  • Para ele, a dimensão burocrática da prática tem suas implicações no cotidiano escolar, freqüentemente o sistema educacional impõe condições aos pensamentos e os fazeres da atuação do professor. Para Shön, essa burocracia é um componente que desencadeia um diálogo com a situação problemática que exige uma intervenção concreta. Considera que, nesse processo, o profissional envolvido, encontra-se constrangido pelas pressões do sistema. Portanto, exige uma reflexão maior do professor, sistematizando e analisando as múltiplas variáveis na procura da liberdade necessária a prática educativa.

Outra reflexão em destaque na fala de Schön é o distanciamento entre o fazer pedagógico reflexivo e a formação de professores. Há duas grandes dificuldades para a formação de um profissional prático reflexivo: a epistemologia Universitária e o currículo normativo. (1992, p. 91). É necessária, uma reflexão acerca da dificuldade acadêmica em desenvolver uma prática que vá de encontro à necessidade real do professor no interior da sua sala de aula, e como solução, sugere à formação contínua e o incentivo a pesquisa, onde os próprios professores documentariam sua prática, gerando observações e reflexões sobre suas ações, descrevendo um conhecimento que nelas está implícito.

Então, é através da formação contínua, mediante a observação e a reflexão, que os profissionais descreveriam e explicitariam seus atos, posicionado diante do que se deseja observar, podendo encontrar novas pistas para a solução dos problemas que se apresentam. Deveríamos apoiar os indivíduos que já iniciaram este tipo de experiência, promovendo os contatos entre as pessoas e criando documentação sobre os melhores momentos de sua prática. (1992, p.91).

Em fim, o que nos explica Schõn, e que a formação do profissional reflexivo exige um pensar crítico sobre a prática e, durante o processo, exercita o desenvolvimento da capacidade de reestruturar estratégias de ação, colocando em prova uma nova compreensão do problema. Apesar da racionalidade técnica que ainda domina o espaço acadêmico, a capacidade criativa do ser humano, ainda é um grande instrumento para a sua evolução.

CONSIDERAÇÕES SOBRE O LIVRO: A PRÁTICA EDUCATIVA

Como ensinar

A perspectiva que Zabala dotou ao fazer este livro foi, retirar alguns elementos que circundam a pratica educativa, argumenta que este campo é muito complexo e amplo, mas assume o risco de ser superficial a fim de estudar mais profundamente os pontos principais do assunto. Este texto traz as principais considerações que Zabala ressalta sobre a prática educativa.

Mesmo não querendo dar a ultima palavra sobre o tema, Zabala propõem alguns critérios que contribui para articular a prática docente com o momento e situação social em que ele de dá. Ressalta o uso da reflexão pedagógica e de referenciais que permitam interrogá-la. Ele enfoca que ensinar é difícil, uma situação complexa que exige do profissional a capacidade de diagnosticar o contexto de trabalho, tomar decisões, avaliar sua atuação e reconduzir suas ações sempre que necessário (1998, p.10).

Ao refletir sobre a função social do ensino comenta; por trás de qualquer prática educativa sempre há uma resposta a porque ensinar e como se aprende (1998, p.33). A aprendizagem depende de características singulares de cada aluno, as suas experiências, histórias de vida, capacidades, motivações, é um processo singular e pessoal, por isso ressalta a importância de considerar a diversidade na sala de aula como eixo estruturador do trabalho pedagógico.

Explica a existência de dois referenciais básicos para análise da prática educativa; o modelo tradicional tem por função social a seletividade e o ensino e propedêutico em concordância com objetivos que dão prioridade a capacidades cognitivas, a concepção da aprendizagem que fundamenta tem fim acumulativo e critérios uniformizadores. O outro modelo tem função social compreensiva e formação integral, os objetivos e conteúdos visão desenvolver a capacidade de todos fundamentada pela concepção construtivista atendendo a diversidade dos alunos e respeitando seu processo de aquisição do conhecimento pela autonomia. (1998, p.49,50).

Porém, Zabala considera que devido as variáveis que envolvem o processo educativo é preciso considerar que a forma de ensinar não pode se limitar a um único modelo.

Assim, pois, a busca do modelo único, do método ideal que substitui o modelo único tradicional não tem nenhum sentido. A resposta não pode se reduzir a simples determinações gerais. É preciso introduzir, em cada momento, as ações que se adaptem ás novas necessidades formativas que surgem constantemente, fugindo dos estereótipos ou dos apriorismos. O objetivo não pode ser buscar a forma magistral, mas a melhora da prática. (1998,p.51)

No momento, em busca de uma prática mais aprimorada a concepção construtivista é o modelo de ensino que melhor atende aos aspectos da diversidade e formação integral dos alunos e do professor. A atividade do aluno o torna protagonista do seu conhecimento, e junto com o professor, estabelece caminhos para uma ação que se constrói numa relação de diálogo e observação do conhecimento já adquirido e daquele que precisa ser assimilado. A intervenção do professor age na Zona de desenvolvimento proximal (Vygotsky, 1979) ajudando o aluno a ir além da sua capacidade superando desafios.

No seu estudo sobre a avaliação, Zabala explica que a função social da avaliação é ser um instrumento essencial para direcionar o processo da aprendizagem, tendo o cuidado de avaliar de diferentes formas verificando a capacidade de cada aluno, a avaliação, portanto ajuda o aluno a interpretar o seu próprio conhecimento. Diferente da avaliação sancionadora onde a função social é seletiva cabe aos alunos obter bons resultados a partir de uma rígida disciplina que o condicione a memorizar o maior número de conhecimentos possíveis, ou seja, não é o ensino que deve se adaptar ao aluno, mas o aluno que precisa se adaptar aos conteúdos. (1998, p.199)

Em fim, Zabala nos ajuda a pensar uma prática centrada no sujeito onde a função social da aprendizagem seja ensinar integralmente a todos considerando suas especificidades onde a avaliação é muito mais completa, pois entende que cada aluno é um sujeito em formação.

RELATOS DE PRÁTICAS PRODUZIDAS NA SALA DE ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO CENTRO COMUNITÁRIO CSE. REALENGO, RJ.

Como nos explica Schön o professor reflexivo é aquele que busca nos seus atos cotidianos um fazer pedagógico que vá de encontro às necessidades do seu aluno. Freire completa afirmando que é preciso espaço para dialogar, quer dizer: espaço para ouvir, espaço para conhecer, espaço para entender ou terá como conseqüência um trabalho improdutivo. Minha intenção é a partir da investigação do cotidiano da sala de EJA perceber elementos que indiquem a presença das concepções dos autores estudados.

Aconteceu com D. Rita uma senhora de 82 anos vinda da Paraíba. Planejei uma aula sobre ordem dos números, e falaria sobre antecessor e sucessor, para início de conversa, utilizaria a data reduzida que rotineiramente escrevia no quadro pensando ser o modo mais fácil. Percebi que Dona Rita copiava a data do quadro de maneira mecânica, logo comecei a explicar o significado de cada número, porém sua dificuldade era entender, por que julho correspondia ao mês 07, depois de muita conversa, resolvi usar os dedos e lentamente contar com ela, antes que eu terminasse, gritou. Já sei D. Fátima! Vou dize pra ocê os mêis! Cheia de alegria e segurança falou, Janeiro, Fevereiro, março, abriu, maio, junho, SANTO ANTÔNIO, SANTANA, setembro outubro.... Foi desta forma que entendi que nunca Dona Rita conseguiria apreender o que era data reduzida muito menos antecessor e sucessor se eu continuasse a ensinar sem perceber as interferências do seu saber cultural sobre o conhecimento novo e o quanto o saber já adquirido poderia interferir na sua aprendizagem de maneira positiva ou negativa. A partir daí quando coloco a data no quadro, respeito sua cultura se falo, Ainda estamos no mês de Santo Antônio que é Julho, porém logo entraremos no mês de Santana em agosto. Alargo sua possibilidade de compreensão do conhecimento escolar e dou valor aos seus saberes já apreendidos, sua leitura de mundo. Freire defende a idéia de que ninguém ensina ninguém aprendemos em colaboração, uma colaboração ativa que exige do professor e do aluno uma atitude de pesquisadora frente ao conhecimento. Desta forma a autonomia se faz através do pensamento que ao evoluir cria, transforma, recria, esta proposta exige que se e instigue o aluno a dizer o que já sabe sobre o conhecimento para depois introduzir novos saberes.

A pesquisa evolui quando, ao descobrir o que o aluno sabe o professor o anima a se aprofundar, desenvolvendo nele um espírito de detetive sobre seu próprio conhecimento. Conversando com a turma depois de escolher o tema gerador saúde, percebi que havia entre eles uma aluna que gostava de lidar com plantas e julgava que sabia tudo sobre ervas medicinais. Venho então à idéia de construir um alfabeto de plantas medicinais, o interessante foi que, ao trazer o resultado da pesquisa sobre as propriedades medicinais do Alecrim para sala, onde, entre outros conhecimentos, constava o nome científico, as indicações e o modo de usar. Dona Alaíde, Carioca, 70 anos, exclamou. Nossa, eu que pensava saber tudo sobre as plantas. Quanta coisa eu não sabia!. O tema também foi oportuno para discutir as superstições, os preconceitos, os efeitos colaterais e os efeitos da alto-medicação. Dona Alaíde ficou responsável por trazer toda semana uma planta, respeitando a ordem alfabética. Seu interesse pelo conhecimento foi tanto, que ela tomou o cuidado de secar as ervas medicinais, possibilitando a colagem das mesmas no caderno.

Nesta experiência observei que, o professor que busca ser um professor investigador exercitando sua capacidade reflexiva em prol do desenvolvimento da autonomia do seu aluno, precisa perceber o quanto esse aluno pode se tornar seu parceiro nesta busca, desta forma o processo educativo é acelerado, pois o conhecimento é construído com qualidade de forma definitiva. Esse saber ao ser apeendido promove um trabalho conjunto, onde professor orienta aluno que orienta o professor é a competência técnica sem a arrogância.

Sr. José, 49 anos veio de Pernambuco para o Rio de Janeiro a mais de trinta anos fez carreira numa empresa de ônibus, de ajudante à motorista, com a chegada das máquinas eletrônicas todos os motoristas tiveram que passar por uma capacitação e Sr. José não conseguiu ser aprovado.

Durante uma conversa ele disse: sou profissional experiente, mas quando vou fazer entrevistas nas empresas não consigo passar pela inscrição não sei preencher a ficha!. Sr. José tinha quase vinte anos de empresa e com o advento da modernidade perdeu seu trabalho, tem certificação escolar até a quarta série, mas na verdade é analfabeto funcional.

A escola que Sr. José conheceu praticava o modelo tradicional tão bem descrito por Zabala, conta que, quando errava a professora como punição usava uma palmatória, cansado de apanhar saiu da escola e só voltou adulto, por necessidade. Sr. José sofreu as conseqüências da função seletiva praticada na escola, a exclusão escolar daqueles que por motivos diversos não se enquadravam no modelo educacional vigente, priorizando alguns referenciais e esquecendo que nem todos têm as mesmas oportunidades. A dificuldade de Sr. José na escola se contradiz com sua vida profissional, ele dizia: Sei fazer de um tudo professora, menos ler e escrever, possui mais de cinco ofícios, porém suas habilidades pouco ou nada foram consideradas no decorrer de sua vida escolar.

A atividade que realizei com Sr. José foi uma reescrita de texto, após uma leitura frustrada, de um livro paradidático, pedi que ele escrevesse com suas palavras o que havia entendido do livro, percebendo sua dificuldade chamei uma outra aluna Cleia, 50 anos, Mineira, também analfabeta funcional para formar uma equipe móvel (Zabala. 1998 p.125). Após alguns momentos de hesitação, começaram a produzir juntos e sem perceber conseguiram escrever cerca de três páginas sobre o livro, essa interação proporcionou-lhes auto-estima e fez com que a leitura e a escrita se tornasse uma prática possível.

Concluo utilizando as palavras de Freire, A atividade docente de que discente não se separa. È uma experiência alegre por natureza (1996, p.142) Por isso, a formação do professor reflexivo em favor de uma prática educativa que desenvolva seres autônomos, exige um educador ciente da sua tarefa transformadora. O relato destas experiências ajuda-nos a perceber no cotidiano da sala, as várias oportunidades de ações que exigem do professor ser um agente de mudança, reflexivo e um estudioso sobre a sua prática. Esta conscientização é o fator primordial para uma educação inclusiva e democrática.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação é uma forma de intervenção no mundo... Implica tanto no esforço de reprodução da ideologia dominante quanto o seu desmascaramento. (Freire. 1996, p. 98.).

Os três autores apresentados possuem concepções que muitas vezes se fundem ou se completa, a ideologia progressista deles abre-nos para uma prática pedagógica a serviço da humanidade. Apesar do aspecto utópico as propostas são possíveis de serem realizadas. Suas reflexões nos ajudam a não perder a esperança de uma educação efetiva que incluam as populações empobrecidas e historicamente excluídas no espaço escolar, é um caminho para a justiça social, neste caso, no trato com analfabetos. Por muito tempo a sociedade impôs a estes segmentos: mulheres, negros, idosos, nordestinos, jovens da periferia urbana um saber escolar agrupado em categorias e não por sentido (Schön. 1992 p. 81).

Freire, Schön e Zabala nos animam a pensar uma prática emancipatória e reflexiva, que promova o professor a planejar sua ação docente com propósito de romper com a exclusão forjada no processo educativo. Suas falas são pertinentes, pois possibilitam um olhar diferenciado para a educação. Ao repensar a prática educativa como uma função social que influi diretamente no futuro do educando dão nova visão ao papel do professor como um estrategistas que usa seu planejamento, sua capacidade reflexiva e seu embasamento teórico para incluir a todos. Suas concepções visão promover uma escola que livre seus alunos da condenação de ocupar cargos subalternos na hierarquia social, onde a apropriação de sua força de trabalho acontece de forma cruel e desumana, conseqüência de uma prática pedagógica centrada na visão eurocêntrica do saber descontextualizada da realidade sociocultural do educando.

Em fim, este trabalho é uma visão micro, local de uma realidade global que atinge toda educação. O futuro das práticas escolares está diretamente ligado promoção de políticas públicas efetivas que garantam ao profissional mais espaço para refletir sobre a seu fazer pedagógico no cotidiano da sala. Também destas práticas dependem nossos alunos, para obter uma formação comprometida com a autonomia, que desnaturalize lugares sociais e contribua para que milhões de pessoas possam romper de fato com o processo de exclusão e o analfabetismo.

BIBLIOGRAFIA

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. 33º ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

SCHÖN, Donald. Formar professores como profissionais reflexivos in: Os professores e sua formação. (Org). De Nóvoa; Lisboa, Portugal, Dom Quixote, 1992, p.79-91.

ZABALA, A.. A Prática Educativa: Como Ensinar. Trad. Ernani F da Rosa. Porto Alegre. ArtM, ed.,1998.

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As Concepções De Freire, Schön E Zabala, Nas Salas De Eja publicado 19/02/2007 por Maria de Fátima Ferreira de Oliveira em http://www.webartigos.com

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Fonte: http://www.webartigos.com/articles/1153/1/As-Concepcoes-De-Freire-Schon-E-Zabala-Nas-Salas-De-Eja/pagina1.html#ixzz16e72qpse