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domingo, 8 de maio de 2011

O Papel Ampliado do Professor na Sociedade Digital


por Marcos Henrique Meireles Lima


O professor como conhecemos está com os seus dias contados? Será o fim da profissão docente?

Por muito tempo o professor foi reconhecido como o datore de aula, aquele que transmitia o conhecimento aceito pela comunidade científica e validado pela sociedade de um modo em geral, porém, essa postura tradicional, unilateral, individualizada, tende a ser ultrapassada por um profissional reflexivo, interagente, coletivo.

As informações são disseminadas em uma velocidade nunca vista, o acesso aos conhecimentos formulados é facilitado pela efervescência da utilização de uma grande rede de computadores interligados por todo mundo, propiciando com que a história antes marcada pelas “metamorfoses” seculares, seja transformada em milésimos de segundos.

Como fica o profissional que anteriormente era responsável em selecionar o que deveria ser acessível e importante aos estudantes? Aquele que se debruçava nas mesas das bibliotecas, participava de congressos e palestras, em busca de atualizações que facilitassem o acesso dos seus “pupilos” (alunos) aos novos conhecimentos, deixará de pesquisar, de participar dos referidos eventos? Certamente que não! Caberá a ele entender que a mudança de postura é inevitável e que todo movimento de resistência dificultará o entendimento do que emerge na sociedade digital: a necessidade de profissionais capazes de aprender a ensinar a aprender!

Na maioria das vezes, o novo representa uma ameaça ao já instituído, tem sido assim em relação as mais diversas áreas profissionais, não sendo diferente ao que é direcionado a educação (teorias, metodologias, leis, etc.) e atualmente, não tem sido diferente com a utilização da informática no ambiente educacional.

É muito mais fácil continuar com o mundo tranqüilo, onde o educador acredita ter um total domínio da situação, mas será que ele conseguirá manter essa tranqüilidade por muito tempo, será que ela realmente existe e se ela é possível, é mantida a base de quê? A recusa ao novo se dá em prol da melhoria da educação ou apenas uma saída que evite a atitude de rever-se como profissional da área?

Inovar é preciso, mas não basta apenas aprender a lidar com as novas tecnologias ou até mesmo se tornar um especialista em informática, a mudança deve ser mais profunda, partindo de rupturas de velhos hábitos e de um repensar daquilo que era posto como verdade absoluta. O “novo” profissional da educação deve enxergar-se como um motivador-motivado, alguém que realmente fala do que vivência, não encarar as demandas impostas como uma necessidade de apenas adaptar-se ao novo, em troca da sustentação de seu posto instituído.

A ampliação do papel do professor começa com a necessidade de que não se perca o interesse de sempre querer aprender, característica encontrada nos verdadeiros “mestres”, educadores que se reconhecem como sujeitos que aprendem quando ensinam, buscando sempre refletirem sobre suas práticas. Se o educador tinha como papel principal ser o responsável pela transmissão dos saberes, agora ele precisa assumir o papel de mediador, orientador, promovendo discussões e estimulando a reflexão sobre as informações obtidas em toda gama de recursos disponíveis na sociedade digital, caso contrário, tais recursos serão os substitutos dos professores que assumiam o papel de reprodutores do conhecimento.

A preocupação em não permitir que ressurja a frieza e impessoalidade com que os métodos tradicionais impunham às atitudes dos professores de outrora não podem servir de justificativas para não utilização dos recursos mediáticos oferecidos atualmente, atribuídos principalmente ao uso dos computadores e da Internet; pelo contrário, ao ultrapassar as fronteiras territoriais, culturais e sociais, tais recursos não possibilitam apenas uma maior humanização entre os envolvidos no processo educacional, mas também com que, entendendo e utilizando tais possibilidades, o professor possa gerir, mediar e regular uma aprendizagem significativa aos participantes deste processo.

A interação disponibilizada pelas redes informáticas pode superar diversos problemas e desafios, favorecendo aos educadores-educandos (fusão dos educandos e educadores) a investigação e estudo em diversos lócus e meios tecnológicos. Tal interação, entre os envolvidos e os meios, não extingue a importância e necessidade de um profissional em educação atuando neste processo, apenas retira o caráter controlador e impositor, que caracterizavam tal profissional.

Os profissionais da educação que se vêem dentro de um emaranhado de preocupações, justificadas pelas demandas de uma sociedade que exige que seus profissionais, em todas as áreas (o que não poderia ser diferente para os da educação), busquem novas qualificações, deixam de ser descartáveis para tornarem-se profissionais necessários, desde que entendam a necessidade de se mostrarem abertos aos novos desafios postos pela sociedade digital, ratificando assim que não cabe extinção ao papel do professor, mas sim sua ampliação. Como diz Kenski (p.96): “[...] o papel do professor se altera, e muito, na nova sociedade digital. Em alguns sentidos se amplia, mas não se extingue”.

Marcos Henrique Meireles Lima

Referência Bibliográfica:
KENSKI, V. M. . O papel do professor na sociedade digital. In: CASTRO, Amélia Domingues de; CARVALHO, Anna Maria Pessoa de. (Orgs.). Ensinar a ensinar. São Paulo: Pioneira/Thomson Learning, 2001, v. 1, p. 95-106.

Fonte:http://www.amigosdolivro.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=4618

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